Cap 1: Chocolate


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Em um salão gigantesco e opulento, diversos seres estavam sentados discutindo o destino do mundo, no centro da mesa estava um objeto milenar que estava projetando a imagem de um planeta azul.


“Vamos Manāt, faça a sua jogada”.


Uma mulher com pele resplandecente e vestida com túnicas douradas, estendeu a mão em direção ao planeta, a mão dela atravessou a projeção e quando ela retirou a mão, ela estava segurando uma carta.


Ela virou a carta, para todos verem e era um três de paus (♣) “Essa versão do nosso mundo é bem peculiar…” enquanto ela falava a carta se desmanchou em luz e subiu ao céu.


 “Sim… é um dos piores” Dizia um ser de pele azul, enquanto pegava a sua carta, era um cinco de espadas (♠).


Algum tempo depois, um outro ser, estendeu a mão “Eu gostei deles…” Ele virou a carta já sorrindo, era um coringa.


*


*



Quando Guaracy abriu os olhos ele estava sozinho, nada a sua volta era o mesmo, ele estava envolto em uma floresta tão densa que a luz mal iluminava através das árvores gigantescas.



 “Como raios eu vim parar no meio de uma floresta?? e eu ainda estou de uniforme e mochila...” dizia Guaracy enquanto olhava a sua volta.


Guaracy não sabia qual era a pior parte, se era estar perdido no meio de uma floresta, a alta temperatura e umidade ou o fato de que tinha algo vindo em alta velocidade em sua direção.


A densa vegetação não parecia diminuir a velocidade da coisa, Guaracy só demorou 2 segundos entre percebê-la e pular fora do caminho, a lâmina passou a milímetros de seu pescoço.


Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa a garota girou no ar e lançou duas adagas em sua direção.


Se ele não tivesse usado a mochila para se defender as adagas teriam aberto dois buracos em seu peito. 


“Espera! Para!  vamos conversar !!”; 


A garota parecia ter a mesma idade de Guaracy, entre 15 a 16,  cabelos negros e lustrusos, mas a coisa mais estranha eram as vestimentas esquisitas e as pinturas corporais que cobriam quase todo o corpo.


Ela parou, mas a expressão que ela fez mais parecia que Guaracy era a coisa mais esquisita que ela já tinha visto.



Ela não parece fazer parte de uma das gangues que eu ofendi, eles teriam simplesmente me emboscado em uma esquina ao invés de me trazer para a mata, caramba como ela é alta… deve ter mais de 1,80m..” Pensou antes de dizer “ ei qualé a dessa expressão? é você que está fazendo um cosplay de índio misturado com bárbaro..“


“@#$@!@#!”


”Eu não entendi nada do que você está falando…  Como é que vocês me trouxeram para o meio da floresta?”


A garota tirou do cinto um colar, feito apartir de um cristal negro envolto em inscrições prateadas, ela o segurou por alguns instantes ” Você não é um dos Koruwas!! na verdade… você é baixinho e magro demais para ser um deles…  e não tem sequer um traço de Uzenu…” ela dizia já se afastando  “te expulsaram da tribo por alguma doença?”.


Guaracy entendia a situação cada vez menos...”Há para de trollagem!! cade as cameras ? Você quer que eu acredite nessa doidera ? Você segurou nesse cristalzinho e agora me entende? E qual é a das facas ? a graça acabou !! pode chamar a equipe de gravação que eu vou processar todos vocês hoje mesmo!!”


Ela se afastava mais ainda ”É!!... coitado… não consegue nem formar uma frase… deve ser algo sério, já que nem os animais quiseram comer ele...” dizia enquanto começava a correr em outra direção.


 “Ei espera!!” gritava enquanto corria atrás dela,”Ei espera!! como vocês me trouxeram para um meio de uma floresta??”.


Ela parou momentaneamente e disse “para de gritar !! maluco!! eles vão te encontrar!!!”.


“Quem estava vind...” antes que Guaracy terminasse a pergunta, uma flecha passou raspando por ele, deixando um corte leve no braço e acertando uma árvore logo a frente. 


“Se você tivesse ficado quieto e corrido para o outro lado, talvez você tivesse chance de fugir” ela disse enquanto corria.


Já era possível ouvir gritos de guerra e o barulho de algo correndo na direção deles. Eles realmente estão tentando me matar!!  pensou Guaracy enquanto corria atrás dela.


Ela tinha começado a poucos instantes atrás, mas já estava a uns 15 metros dele, Guaracy olhou para trás, para ter uma ideia de quem os perseguia, eram 3, mas eles não pareciam totalmente humanos.


Eles tinham algumas características de animais, o primeiro parecia no meio do caminho entre um javali e um humano, com presas enormes saindo da boca e com pelos por todo o corpo.


O segundo tinha características reptilianas, com o corpo coberto por escamas e o nariz eram só duas fendas, o último tinha a aparência de um índio normal, mas estava sendo acompanhado por um lobo-Guará enorme.






Eles ainda estavam a uma boa distância, mas Guaracy sabia que não ia conseguir fugir, principalmente do meio javali e do lobo que eram muito mais rápidos que ele.


 ”Ei! me empresta o cristal que eu seguro eles para você!!”


Ela o olhou e disse “Se eu fosse você continuaria correndo, os Koruwas tem o péssimo costume de comer carne humana”,


Guaracy hesitou, mas ele não via outra saída além de conversar com eles, “Me empresta mesmo assim!!” e depois de uma leve hesitação ela jogou o colar.


Espero que esse funcione comigo..., pensou Guaracy enquanto colocava o colar e tentava chamar a atenção deles.


 Guaracy guardou as adagas na mochila enquanto se escondia atrás de uma árvore para escapar das flechas, ele usou esse tempo para dar uma olhada na mochila e relembrar o que ele tinha nos bolsos.


Merda! eu só trouxe na mochila o material básico escolar... livros, estojo, fita adesiva, uma corda, bombinhas. As coisas que parecem mais úteis no momento são as adagas, o meu lanche, o celular e com certeza as bombinhas, elas são sempre úteis. Enquanto Guaracy pensava no plano eles o cercavam.


Guaracy olhando rapidamente para o cristal notando que ele emitia um certo brilho e era envolto em inscrições, mas ele não tinha tempo para entender como aquilo funciona.


 Guaracy saiu de trás da árvore, “Eu tenho que parecer confiante” pensou ele antes de dizer ”Saudações!! meu nome é  Guaracy e eu sou o embaixador da magnífica tribo Rio de janeiro e acredito que vocês são da grande tribo Kuruaa, não é mesmo?!!” 


 Não é possível saber se os três pararam por causa da aparência estranhíssima de Guaracy ou pelas idiotices que ele falou, os tres seres eram bem altos, no ponto de vista de Guaracy, o menor deles era o humano, ele devia ter um pouco mais de 1,90 e poderia fazer bem o papel de capitão américa.


Eles olharam uns para os outros e o que estava com o javali apontou para o caminho, que ela tinha tomado e disse “ Vão os dois atrás dela, que eu cuido dele!!”,


Eu preciso ganhar tempo para os monstros se afastarem.., se for só ele e o lobo eu tenho chance, pensou Guaracy antes de dizer “Eu não tenho nada a ver com ela, que tal nós encontrarmos uma solução pacífica? você não ia gostar de começar uma guerra entre tribos não é mesmo?”


Enquanto os dois corriam atrás dela, ele olhou para Guaracy e disse ”HAhaha.. eu iria gostar bastante… na verdade eu vou ser bem recompensado por achar novas presas”


“...Hum… então o ideal seria você me liberar… eu volto para a minha tribo e a gente agiliza uma boa Guerra que tal?...”


“E liberar a minha presa?? não… eu vou matar você primeiro e depois me divertir rastreando os outros da sua tribo”


Ele continuou a rir e disse “Chame logo o seu ang!.. vai ser chato demais te matar sem uma luta!”


O que é esse tal de ang? ele não parece bater bem da cabeça,  eu vou ter que dar uma de louco também, pensou Guaracy antes de dizer:  ”Ok, parece justo... enquanto meu ang não chega que tal dividir uma refeição comigo?... é um costume da minha tribo, dividir uma refeição com nossos inimigos, antes das grandes batalhas”


“Você acha que eu sou burro?... truques como esse são muito desonrosos” disse o índio enquanto olhava para Guaracy com cara de nojo. 


“Não me ofenda!! a minha tribo leva os combates muito a sério, nós nunca usamos truques baixos como veneno… eu só ofereci porque eu sinto que você será um adversário digno e a nossa batalha será lendária!! ” disse Guaracy com o punho levantado.


”Essa sua tribo é bem incomum… tudo bem! vamos esperar o seu ang…. não faria sentido algum te matar, sem uma luta digna... eu vou aceitar o seu convite...”


“Não acredito que a fala do kung fu panda funcionou… será que vou conseguir usar diplomacia pela primeira vez?” Pensou antes de dizer  “Ótimo!.. eu tenho aqui comigo, uma das comidas sagradas do meu povo... uma carne de caça fantástica!! ela se chama chocolate.”


”Eu nunca ouvi falar desse animal”


“Eu garanto que você vai gostar bastante!” disse enquanto apontava para ele se sentar.


“O meu nome é Guaracy de oliveira silva, e o seu?”


Ele se sentou ao lado de Guaracy e disse “O nome correto da minha tribo é Koruwa e o Meu nome é Pü Aruana acai bue aclúro né puitii ”.


“O seu nome é bem longo em…” disse Guaracy enquanto abria a embalagem do chocolate. 


“hahaha Obrigado, eu planejo aumentar em mais dois hoje.” dizia Pü visivelmente alegre.


“ha é? e como isso funciona? você vai inventando eles quando sente vontade?”


“Não!!… Normalmente nós acrescentamos o nome das nossas caças mais memoráveis… quando eu estiver comendo o seu coração, eu vou decidir se o seu nome vale a pena ser lembrado”


“Hum… ok…  aqui pegue essa metade do chocolate, eu cacei ela a poucos dias, mas a carne ainda está deliciosa” disse Guaracy enquanto Pü fazia um sinal para que o porco do mato sentasse ao lado. 


 Pü pegou a metade do chocolate e esperou que Guaracy comesse primeiro e mesmo assim ele cheirou para ter certeza,  mas quando ele experimentou a reação foi instantânea.


 ”Que comida fantástica!!  ela chega a derreter na boca!! hum.. mas não se parece com carne.. a aparência lembra levemente um filhote de coelho... ” dizia Pü bem mais alegre.



“Haha... Eu disse que chocolate é uma das melhores caças que existem... o problema é ele só aparece perto da minha tribo, se você quiser eu posso voltar aqui outro dia trazendo mais, vai dar até para você levar para família e nós podemos deixar a luta até a morte para outro dia, que tal?” 


“Até que a ideia é tentadora... mas hoje é um dia especial, se eu não voltar com carne humana, ia ser muito vergonhoso e além do que esse ‘xiocolati’ não é melhor que uma batalha…  vai... me conte mais sobre essa sua tribo”. 


“É… Realmente não existe nada melhor que uma batalha até a morte!!.. vamos fazer assim.. eu trouxe comigo um charuto de guerra, é um fumo tradicional da minha tribo, quer dar uma tragada? ele é ainda melhor que o chocolate.. “ disse Guaracy enquanto pegava a bombinha mais forte que ele tinha na mochila.


“Boa ideia!!  haha… os costumes da sua tribo são tão compatíveis com a nossa que eu acho que foi Ñyata que arranjou o nosso encontro… “ Ele passou a mão no javali e continuou “os outros da minha tribo vão morrer de inveja quando eu contar sobre essa caçada…” 


“Bom saber… Você vai gostar desse fumo… ele é o mais popular de onde eu venho, as primeiras tragadas são as melhores, então assim que eu acender você pode dar uma tragada “ Guaracy dizia enquanto pegava o isqueiro.


Guaracy acendeu rapidamente e com a mão esquerda passou para Pü, ele estranhou o formato, mas como não tinha nenhum traço de uzenu e como era o fumo de uma tribo distante ele decidiu experimentar. 


Não é meu estilo lutar assim, sem me preparar, mas seria errado deixar um canibal viver mais um dia, Pensou Guaracy enquanto entregava a bombinha acesa com a mão esquerda e com a direita dentro da mochila segurando a adaga.


Guaracy não conseguiu evitar de sorrir quando viu a bombinha explodir, ela arrancou alguns dentes e levou junto parte da língua de Pü, assim que a bombinha explodiu Guaracy pulou e o esfaqueou diretamente no peito.



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