Cap. 5: HAHa ele caiu de cara

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            Guaracy corria para acompanhar a passada deles, enquanto eles andavam pela floresta era fácil notar que as árvores estavam ficando cada vez maiores, algumas delas pareciam prédios com raízes da largura de carros.


Olhando para cima Guaracy  se sentia como uma formiga sob um céu verde, os galhos e a vegetação bloqueavam boa parte da luz do sol, era possível escutar o barulho de inúmeros pássaros e animais vivendo nos galhos.


Em algumas partes, o caminho que eles escolheram era andando por cima das raízes, o tamanho delas era a única parte que facilitava, o perigo estava no musgo e nas muitas frestas, Guaracy se concentrava ao máximo para acompanhar a velocidade deles sem acabar caindo as dezenas de metros até o chão.





 "Cicí  ainda falta muito para chegar na tribo? "


"Não, Ywaktšahi está logo a frente " disse alguma coisa atrás de Guaracy.


A primeira coisa que Guaracy notou foram os grandes olhos verdes, uma cobra enorme descia das árvores, como ela se camuflava na vegetação Guaracy não conseguia saber exatamente a cor ou o comprimento dela, mas ela tinha pelo menos 4 m de largura .

 "Quem é ele Cicí ? É o doente que você disse que tinha te ajudado?" disse a cobra com uma voz estranha, talvez não tão estranha para uma cobra.


"Sim, eu também não acreditava que ele sobreviveria” disse Cicí .


“Os itens mágicos esquisitos dele o salvaram " falou outro membro da tribo.


Um dos outros índios do grupo chamado Vatu disse "Ele diz que está perdido, mas como ele invadiu o nosso  território...”


“Guaracy não é um inimigo, ele só está perdido disse Cicí.


“Você viu os itens dele, ele pode ser espião de alguma tribo“ disse outro membro do grupo.


A cobra chegou mais perto de Guaracy e disse "Eu não reconheço o cheiro dele, ele só pode ter vindo de muito longe….Estranho….ele não tem o cheiro das florestas e rios em volta, ele parece ter aparecido do nada no nosso território….” .


Todos do grupo menos Guaracy se espantaram, pois eles  sabiam que poucos conheciam tão bem a floresta como ela.


“você sabe se isso aconteceu antes ou conhece alguém que pode me ajudar?” perguntou Guaracy .


“Nos meus séculos de vida eu nunca senti um cheiro como o seu... talvez a tartaruga anciã ou um dos grandes pássaros como o   ‘yGûyra, possam te ajudar”


“Obrigado! eu vou tentar falar com algum deles” 


“Não precisa agradecer… vai ser bem difícil convencê los a te ajudar” disse a cobra enquanto subia a árvore.


Guaracy olhou nos olhos dela e disse “Agradeço mesmo assim, eu vou dar um jeito…”


já não era possível mais vê la quando Guaracy escutou “Eu não aconselharia a confiança nem para os mais fortes… a astúcia pode te manter vivo por mais tempo”


“Vamos, os anciões já devem estar nos esperando” disse Vatu


Enquanto eles andavam Cicí falou “Não leve a mal o que ela disse Guaracy, a tia Uacá é meio amarga mas os conselhos dela são sempre bons”.


“Ela está totalmente certa, mas eu sei que de um jeito ou de outro eu vou conseguir a informação que eu preciso” dizia Guaracy olhando com curiosidade para o topo da árvore logo a frente.


Olhando para cima era possível ver muitas construções entre os galhos e vegetação nos topos das árvores, elas tinham plataformas arredondadas feitas dos galhos e do tronco, acima dessas plataformas existiam diversos tipos de construções formando vários andares.


Guaracy não conseguia ver a quantidade total de construções ou os formatos exatos, mas a quantidade era o suficiente para ser chamada de cidade, as ‘ruas’ eram as pontes e galhos que interligam as árvores, o problema que ele via era que as construções mais baixas pareciam estar na mesma altura que um prédio de 20 andares.


“Vamos subir” disse um deles enquanto se aproximavam de uma árvore próxima.


“Essa árvore deve ter mais de 10m de diâmetro e é a coisa mais alta que eu já vi…. Será que tem algum tipo de porta mágica ou elevador?” pensou Guaracy enquanto andava .


Alguns deles começaram a escalar usando os cipós e irregularidades no tronco da árvore e outros se transformaram para poder subir junto com o companheiro.



Cicí já tinha se unido a nila , a  transformação das duas parecia ser mais equilibrada que a do Pü, a união mantinha característica das duas, mas ela parecia mais humana e as expressões pareciam mais racionais que as de Pü, elas começaram a escalar e quando notaram que Guaracy ainda estava parado ”O que houve? “

   


“ -_- ….. Tem alguma escada que eu possa usar ?”


“Não se preocupe essa é uma das mais fáceis de escalar, os velhinhos gostam de usar essa” disse um dos índios.


“Ele deve estar tentando arranjar uma desculpa para não falar com os anciões…”


Guaracy chegou perto da árvore e notou que ela tinha muitas imperfeições no troco, ” parecem ser marcas de garras … devem ter sido feitas pelos os animais e pessoas enquanto escalavam por aqui…” pensou enquanto começava a subida.


As marcas eram profundas o suficiente para servir de degrau, mas os formatos e a distância entre elas dificultava a escalada de um humano normal ”isso parece ser feito de pedra… que força tinham os seres que deixaram essas marcas?” 


“Ela é resistente, mas a casca externa que você está vendo é bem frágil, Nàï vá na frente avise os anciãos.” Vatu disse olhando para um dos índios do grupo.


Guaracy travou quando viu a velocidade que Nàï escalava, ele tinha se transformado em algum tipo de primata e não demorou nem 10s para subir a árvore.   


Como ele não tinha o costume de escalar, a velocidade dele era lenta em comparação a um profissional da terra e o profissional iria parecer uma lesma para os outros do grupo.


Guaracy, percebendo os olhares, disse bravo “ me dá um tempo... eu vou conseguir “ , mas antes que ele pudesse voltar a escalar, ele ouviu um barulho de asas e duas garras gigantescas o arrancaram da árvore. 


Ele começou se debater, mas o pássaro era tão grande que os braços dele só alcançaram as garras, antes que ele se machucasse Vatu olhou para o cima e gritou “Ela não vai te machucar! você achou que nós íamos esperar o dia todo para você subir?”


O barulho do vento e do bater de asas era ensurdecedor, “Eu quero um pássaro gigante desses…”,dali de cima ele conseguia ver melhor as construções e as pontes que as interligam.





Antes que Guaracy pudesse aproveitar o passeio, ele sentiu as garras afrouxando, ele estava tão imerso no voo que só teve tempo de proteger o rosto na hora da queda, ele caiu de barriga no pátio, quando ele levantou o rosto ele notou uma multidão de pessoas o encarando.


“HAHa ele caiu de cara mãe…” ria um garotinho com um macaquinho no ombro.




“Ele é muito estranho… por que ele está todo enrolado?” Disse um senhor de idade.


“Talvez ele…” a multidão, que o cercava, discutia acaloradamente sobre as estranhezas na aparência dele.


“E ai pessoal?... quer dizer.. Salda...” antes que Guaracy conseguisse fazer uma saudação aceitável, ele travou completamente.


”Por que está todo mundo pelado?” dizia antes de reparar que as pessoas se pareciam bastante com os índios brasileiros, eles usavam muitos ornamentos, brincos, sintas e colares, mas nada disso era usado para cobrir parte alguma do corpo.


As maiores diferenças entre eles e os da terra, além das transformações, era que eles eram bem altos e alguns deles tinham cores diferentes de cabelos e olhos, sem esquecer das muitas pinturas corporais.


Guaracy tinha se surpreendido principalmente, pois os outros do grupo, assim como Cicí, estavam vestidos com algumas peças de roupa.


“Que pergunta esquisita… o seu povo usa essas vestimentas o tempo todo?”  disse Cicí.


“Em público sim!”


“Deve ser terrivelmente desconfortável”


Guaracy se virou, para ver quem tinha dito isso e deu de cara com mulher mais alta que ele já tinha visto na vida, ela tinha mais de dois metros de altura, o cabelo dela era liso e comprido de um azul pálido metálico, ela usava um cocar feito de penas metálicas prateadas. 


Os olhos dela eram roxos, mas a cor parecia variar de intensidade com o tempo, ele foi obrigado a parar de olhar para a aparência dela, quando notou que não era só na altura que ela era grande. 


Antes que Guaracy pudesse responder, Cicí correu e a abraçou. 

“Sua boba...Você está sempre me deixando preocupada…” .


Os outros do grupo olharam para ela e disseram “Saudações Ni Ivití“


Ela os cumprimentou de volta e olhou nos olhos de Guaracy e disse “você deve ser o misterioso Guaracy… eu tenho que te agradecer por ter ajudado a minha filha”

  

“Não precisa… eu que estou agradecido, se não fosse por ela eu teria sido servido como jantar...”


Ni Ivití sorriu e disse “Vamos terminar essa conversa no salão central… os outros anciões já devem estar nos esperando”.


Eles seguiram a mãe e filha passando entre a multidão até a ponte, “Talvez vir para esse mundo tenha sido a melhor coisa que me aconteceu…. foca acima dos ombros Guaracy... você não quer passar vergonha na frente de uma multidão” pensava enquanto admirava a paisagem.


Guaracy notou que as construções em sua maioria eram circulares e as plataformas que ficavam na mesma árvore, tinham uma boa distância entre si, formando andares, elas eram feitas dos galhos que se torciam para formar as estruturas.



Dali eles continuaram por mais duas árvores até uma ponte que subia para o andar de cima, eles subiram mais alguns andares e passaram por diversas árvores, até chegarem em uma plataforma especial, ela cobria centenas de metros e circulava a maior árvore que ele tinha visto até agora


Ela era diversas vezes mais larga e alta do que as outras ”Parece aquelas dos animes que a Yara adora assistir… será que aqui tem elfos?”


Guaracy olhou para cima e era possível ver algumas nuvens mais baixas que a copa da árvore, enquanto eles atravessavam pela ponte  Guaracy olhou para baixo, mas não conseguiu calcular a altura, “caramba…. isso aqui é mais alto do que o morro do cristo….”




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