Cap 3: Passe Escolar


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“VAI!!.. CHUTAAA!!...NÃOOO!! MERDA DE 3G!! é só chover um pouco que ele cai, tinha que ser justo na hora do…” 


Paulo olhou a sua volta, procurando algum lugar para terminar de assistir o jogo, quando percebeu que a falta de internet não era o seu maior problema.


“Que lugar é esse?” disse Paulo enquanto  tentava achar a sua volta algo que fizesse o menor sentido.


Ele estava no meio de uma rua movimentada, a maioria das pessoas estava vestidas de roupas típicas árabes, mas existia uma grande diversidade, alguns pareciam europeus, outros pareciam vir do norte da áfrica e muitos deles em estilos totalmente irreconhecíveis.


 já as construções, eram casas e lojas feitas em um estilo árabe antigo, mas bem decoradas e pintadas em cores vivas.



“Eu vim parar na gravação de um filme sobre as cruzadas?... mas as casas não eram tão coloridas… e eu não me lembro de ter não-humanos na história” pensou Paulo ao perceber que a diversidade ia além das roupas e etnias.


Em alguns a diferença era pequena, como ter mais de dois olhos ou mais de dois braços, mas outros a única semelhança com humanos, era que vestiam roupas.



“Isso não é uma gravação!!.. nunca vi máscaras tão realistas.. só pode ser um sonho… isso mesmo!! eu devo ter dormido enquanto esperava o ônibus” Pensou Paulo mais aliviado.


”Já que isso é um sonho, é melhor eu me divertir!!” disse  enquanto olhava as pessoas conversando, com os seres estranhos e comprando coisas mais estranhas ainda.


Estavam a venda animais estranhos, roupas feitas de tecidos que se mexiam sozinhos, itens que brilhavam e uma grande quantidade de alimentos esquisitos.


Paulo tentou conversar com algumas pessoas em volta, mas a maioria nem se dava ao trabalho de responder e quando respondiam ele não conseguia entender “Que sonho estranho.. ninguém fala o meu idioma!” 


“Sonho? quanto a isso eu não posso te ajudar, mas eu tenho aqui na minha loja os melhores tradutores de toda cidade baixa”


Paulo se virou para ver quem o tinha falado e notou um gato gigante acenando de uma das lojas próximas.



“Agora sim está melhorando..  tem até um Totoro aqui” pensou Paulo enquanto andava  até o gato sorridente.


“Você deve ter vindo de muito longe” dizia o vendedor bem humorado.


“Sim, eu vim de bem longe!... por que só você consegue me entender?” Disse Paulo enquanto olhava a banca do comerciante.


Era uma das maiores bancas da rua e vendia itens feitos de diferentes materiais, com inscrições irreconhecíveis, eram de diversos tipos, mas nenhum deles parecia comum.


 “Você está viajando e não conhece um simples tradutor? aqui experimente esse !“ disse o comerciante enquanto entregava um colar para Paulo.


Enquanto Paulo olhava o colar o vendedor disse “A maioria deles tem um tradutor e te entendem, mas como você foi rude, eles não vão te responder”


“Rude?“


“Sim…. você tem que se apresentar primeiro e fazer a saudação correta, Hum… você parece ter vindo de alguma aldeia remota… Por acaso você tem dinheiro para comprar um tradutor?”


“Claro que tenho!!” disse Paulo colocando a mão no bolso, “Hum? Merda! nem nos sonhos eu tenho grana…” 


“Você insiste em falar em sonho… Além de pobre é doido!! Vamos! me de o tradutor de volta!!” Disse o gato com as presas a mostra.


“HaHA.. Aqui! pegue de volta, eu só estou com o passe de ônibus no bolso” 


“Não sei o que é esse tal de Ônibus, mas se eu fosse você não deixaria que os outros soubessem, que você não tem dinheiro”.


“Por quê? é crime ser pobre?” 


“Aqui nessa parte da cidade é sim, só os nobres, comerciantes e os servos deles podem entrar aqui” Sussurrou o vendedor.


“O que acontece com quem é pego?” perguntou Paulo sussurrando. 


“Se eles pegarem um plebeu nesse região, as penas são pesadas, os guardas podem decidir te executar na hora.“


“ Eu acho melhor você ir embora, antes que eles percebam, não se preocupe! eu não vou te entregar ” disse o vendedor enquanto enxotava Paulo.


“Ok, ok... eu estou indo... obrigado!…  eu acho..” disse paulo enquanto se afastava. 


“Que merda de sonho…” resmungou Paulo enquanto andava pela feira.


Ele continuou a andar pelas ruas olhando para os prédios e as barracas, uma das barracas era feita toda de tecidos, eles eram de um tom de vinho escuro com bordados dourados, ela estava semi-aberta com um tecido cobrindo a entrada, deixando só um fresta livre.


O interior da barraca era coberto por penumbras, pela fresta só era possível ver alguns candelabros e decorações estranhas, uma névoa  azulada saia pela fresta e o cheiro de incenso era muito forte.


Olhando com mais cuidado, Paulo pode ver que algumas partes da barraca estavam danificadas e até alguns dos móveis também, enquanto olhava ele se sentia cada vez mais atraído a entrar,  sem nem perceber ele foi chegando cada vez mais perto da tenda.


Ele já estava com um pé dentro, “ ha?!! o que eu estou fazendo? credo… Deus me livre de entrar em um lugar desses...”.


Quando Paulo deu as costas para ir embora ele escutou alguém dizer “Você é mais um deles, não é mesmo?” 


O tecido que cobria a porta foi jogado para ao lodo com força, Uma mulher de um 1,8m de altura saiu furiosa da barraca, o cabelo dela era castanho escuro encaracolado.


Ela estava usando um vestido colorido cheio de babados e pingentes e também estava usando diversos colares, lenços, anéis. Boa parte da pele dela era coberta por tatuagens. 

“você está falando comigo?”


Toda vez que ela  se mexia os pingentes e acessórios faziam barulho, parecia o tilintar de dezenas de sinos. “Só porque vocês nasceram em um berço de ouro, se veem no direito de menosprezar todos os outros”.


“Quem?!!”.Paulo até olhou em volta.


“Eu pensei que nesta cidade eu poderia viver em paz, sem ter medo de sofrer ataques todos os dias, de poder ser quem eu sou..”. 


“Espera eu...” Paulo nem pode terminar de falar quando ela continuou.


 “É a segunda vez só hoje, que alguém vem até a minha porta me ofender, você se acha tão superior que nem tenta dialogar  comigo...“


“Você enlouqueceu?”


Ela tirou a peça principal do colar e logo em seguida  as tatuagens começaram a acender “Para mim Chega! estou cansada de ser ofendida sem revidar”. 


Ela disse algumas palavras e esmagou o objeto, Paulo só viu um brilho verde antes de ser atingido. 


“Haaa!...”


“hum?” 


Depois do raio de luz, ele sentiu a pele dele queimar, mas a dor só durou um segundo e quando ele olhou para a parte interna do antebraço ele notou três tatuagens, elas se pareciam com uma versão estilizada do trevo de quatro folhas, mas dois dos trevos estavam invertidos em relação a Paulo.


“O custo que eu paguei foi alto, mais vale a pena, agora você vai ter o que merece… Hahaha, todo a sorte que você tem desde o nascimento vai se virar contra você!” Enquanto falava, uma névoa roxa começou a cobri-la.


 Paulo ficou travado sem entender nada, enquanto ela desaparecia na névoa junto com a barraca. 


“Que sonho maluco! ” 


Paulo esfregou o símbolo para ver se ele saia, ainda bem que isso é só um sonho, meu pai me mataria se me visse com uma tatuagem e o pior é que ela ainda é brega, pensou Paulo enquanto voltava a andar pela feira.


Pouco depois, Paulo notou que as pessoas começaram a se afastar do meio da rua, dando espaço para um grupo passar, estava vindo uma comitiva com dezenas de pessoas, a maioria deles eram soldados e servos.


Os soldados em sua maioria eram animais humanóides com túnicas, armaduras de couro e armados com cimitarras, lanças e escudos.


Alguns deles pareciam centauros, mas a parte animal era zebras, camelos e alguns seres que Paulo não conhecia.


Ao chegar mais perto da comitiva ele notou que só os guardas eram centauros e meio humanos, os servos e a comitiva principal eram todos humanos.


Todos da comitiva principal eram negros, os homens estavam vestidos de túnicas e turbantes, as mulheres de véus e muitos ornamentos.


Uma das coisas que chamava a atenção de Paulo eram os tecidos, eles eram parecidos com os da loja, a maioria deles era coberto de inscrições e os dos soldados se mexiam sozinhos de vez em quando.


“legal! será que tem alguma princesa africana dentro da carruagem?” pensou Paulo enquanto seguia a comitiva.


“Eles devem ser bem importantes, para todo mundo olhá-los com tanto respeito... Hum... eles pararam por quê?” 


Olhando para direita, Paulo notou que uma outra comitiva estava vindo na direção oposta, era um grupo ainda maior e eles pareciam de um reino bem diferente do anterior.


Os soldados usavam armadura metálica repletas de inscrições e adereços que pareciam animais, os servos estavam vestidos no estilo europeu medieval.


“Nem todos os soldados são meio-humanos… engraçado os adereços na armadura do leão, também se parecem leões… talvez seja a insígnia da família?” pensou Paulo.




Quando as duas comitivas se encontram, as carruagens principais se abriram e o resto das comitivas abriram espaço para os ocupantes descerem.


Se eu aprendi algo com os animes é que agora vão descer duas princesas rivais, mas para o desagrado de Paulo, o primeiro a descer foi um homem alto com um pássaro vermelho no ombro e roupas negras


O que mais chamava a atenção nele, era a máscara dourada que cobria todo o rosto menos os quatro olhos vermelhos.



Antes que paulo começasse a resmungar ele notou que a pessoa que desceu da outra comitiva era uma mulher ruiva de olhos verdes, nas partes que a armadura não cobria era possível ver muitas pinturas corporais.


 

”Ela é bem bonita... o que estraga é a expressão feroz, ela provavelmente vai matar esse cara..” pensou Paulo enquanto os líderes das comitivas conversavam.


A conversa parecia que não ia tão bem, Paulo notou que as pessoas em volta começaram a se afastar das comitivas e alguns guardas já tinham colocado as mãos nas armas.


Em um dado momento, as inscrições da túnica de um dos guardas da comitiva africana se acendeu, a túnica se moveu e cobriu o rosto e os braços do guarda, quando a túnica voltou ao normal o guarda tinha se transformado em uma hiena humanoide, a transformação não levou nem um segundo.


“O que foi isso?... eles podem se transformar?”

 

As pessoas já estavam ansiosas antes e quando notaram a transformação alguns começaram a correr. 


“Caramba… será que os outros seres também usaram algo assim para se transformar?.


A discussão entre as comitivas começou a aumentar e ficar mais acalorada, em um dado momento a ruiva começar a falar em tom ameaçador.


Paulo não entendia o que eles diziam, mas as pessoas que não tinham saído, entendiam e começaram a correr, quando ela fez um movimento de puxar no vazio.


Paulo, agora sozinho perto das comitivas, conseguia ver que escamas cresciam no pescoço dela, era possível ver o vapor e a água se movendo pelo ar para formar centenas de lanças em volta da comitiva dela.


Todos das duas comitivas começaram a se transformar e a se preparar para a batalha.


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