Cap. 2: NÃO!!!... pegue esse macaquinho
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Apesar da surpresa e da dor, Pü ativou as runas e o lobo guará que estava deitado ao lado, se transformou em um raio de luz e entrou no corpo de Pü.
A transformação foi praticamente instantânea, Pü agora parecia uma versão diferente de lobisomem, com pelos vermelhos cobrindo todo o corpo, a única parte da pelagem que era negra era do joelho para baixo e das mãos até o antebraço, os dente e unhas cresceram muito rápido. Guaracy viu em tempo real a pele e os músculos de Pü ficarem mais resistentes.
Mesmo que a ponta da faca entrando alguns centímetros do peito de Pü, Guaracy não teve força o suficiente para atingir o coração e assim que Guaracy percebeu isso, ele pulou para trás.
Pü tentou segura-lo mas Guaracy já estava a alguns passos dele, “Boa tentativa kkk! quase conseguiu… Você está sem o seu ang, não é mesmo? “.
“kkk Sinceramente eu nunca tinha ouvido falar disso, antes de te encontrar” Guaracy disse enquanto preparava o próximo plano.
“Eu não faço ideia como a sua tribo sobreviveu até hoje.., quando eu estiver servido a sua carne, no banquete desta noite, a tribo vai adorar as histórias sobre você e sua tribo de idiotas kkk…” Pü disse enquanto se aproximava lentamente de Guaracy.
Guaracy não esperou nem a metade da frase de Pü para correr entre as árvores.
”Não adianta correr! sem um ang, você só vai conseguir me arranhar, mas não se preocupe... como você me proporcionou, um bom lanche, eu vou te torturar pouco antes de te matar hahaha”.
Guaracy aproveitou que a vegetação era espessa para ganhar alguns segundos para acender e lançar algumas bombinhas, Pü desviou das primeiras bombinhas, mas percebendo que essas só faziam barulho, ele não se importou mais em desviar.
Guaracy aproveitou que ele parou de desviar e lançou uma mais forte, diretamente no rosto de Pü, ele só percebeu que essa era igual a primeira quando ela estava muito perto para desviar.
Ele se defendeu virando o rosto, mas ela explodiu muito perto do rosto dele, atingindo o ouvido direito e o deixando desorientado por alguns instantes, Guaracy aproveitou e correu o mais rápido que pode para a direita.
Pü demorou quase 1 minuto para se acalmar e rastrear a direção que Guaracy tomou e como ele é mais rápido que Guaracy, Pü só levou uns 30s para seguir o rastro de Guaracy, até um ponto que ele escutou um leve barulho, dentro da vegetação.
“hahaha, não adianta se esconder!! esse seu último charuto me deixou com muita raiva, antes de t..” Pü não terminou a frase porque ele descobriu que não era Guaracy na vegetação, o barulho vinha de um objeto retangular brilhante, Guaracy aproveitou que Pü estava abaixado e pulou nas costas dele.
Pü reagiu rápido tentado tirar Guaracy de suas costas, mas Guaracy não hesitou e enfiou uma caneta direto no olho dele, Guaracy pensou em usar a última adaga, mas ela era larga demais e não iria atingir o cérebro dele.
Mesmo urrando de dor, Pü sacudia e usava as garras para tentar tirar Guaracy de suas costas, como Guaracy não tinha uma resistência tão alta como a da pele de Pü os ferimentos poderiam ficar sérios.
Guaracy sabia que ele não podia perder essa chance, então ele pôs toda força que tinha para atravessar o olho de Pü, mas quando ele sentiu que a caneta tinha quebrado a esperança dele quase foi junto.
Ele levou só um instante para mudar de estratégia, “se eu ferir o outro olho talvez eu consiga ao menos fugir daqui” pensou Guaracy ao tentar usar os restos da caneta que ainda estavam em sua mão para machucar o olho esquerdo de Pü.
Entretanto Pü aproveitou que ele tinha movido o braço e o arremessou, Guaracy usou o impulso para rolar e sair correndo mata adentro.
”Preciso achar um outro jeito de fugir, os truques das bombinhas dificilmente, vai funcionar novamente.. só se eu usar o truque com o isqueiro..” pensava Guaracy enquanto corria.
“Merda! ontem eu tive que usar a maioria deles… se eu ainda tivesse todos os kits ele ia virar bacon.”
Ele correu o máximo que podia enquanto preparava mais kits, a dor e os ferimentos atrapalhavam, mas não o suficiente para impedir os seus movimentos.
Guaracy sentiu o coração disparar quando escutou um barulho enorme, de algo se aproximando, ele olhou para trás e notou que Pü estava correndo bem mais rápido que antes.
”As pinturas não eram só cerimoniais? ” pensou Guaracy ao ver que algumas pinturas corporais de Pü brilhavam, antes ele não era tão rápido e agora ele é forte o suficiente para quebrar algumas árvores menores que ficavam no caminho.
Pü corria cada vez mais rápido, ”Eu nunca imaginei que iria gastar tanto uzenu para caçar alguém de uma tribo tão primitiva quanto a sua… eu estava guardando para pegar a próxima caça, mas tudo bem, está caçada vale uma ótima história para hoje a noite!! Ela é a mais estranha que eu já tive !!” dizia Pü enquanto ria.
Guaracy quase derrubou o que estava segurando ”Maluco!! eu tinha que encontrar o canibal mais doido do universo??... tomara que o resto da tribo dele não seja toda assim...” pensava Guaracy antes de jogar o que tinha na mão na direção do olho esquerdo de Pü.
Pü desviou instintivamente para direita, sem nem perceber que era só uma pedra, e como ele tinha perdido a visão do olho direito, Pü não notou um tronco caído e acabou tropeçando.
já esperando por esse momento Guaracy acendeu e jogou o ‘kit’, pouco antes de chegar em Pü a bombinha presa à um isqueiro explodiu, ela cobriu boa parte do rosto e peito dele com querosene inflamado.
A chama fez Pü se debater de dor tentando apagar o fogo, “ Ainda está gostando da caçada? haha... você vai gostar ainda mais do próximo! ” Guaracy já ia jogar mais um kit quando uma névoa cobriu a região.
Guaracy viu vultos se aproximando rapidamente através da névoa, ele já ia correr na direção oposta quando pensou ”eles são os Kuruwas ou…”Guaracy nem tinha terminado o pensamento quando viu os índios apontando os arcos na direção dele.
Ele já tinha começado a correr em direção às árvores quando as flechas foram atiradas, Guaracy usou a mochila para se defender enquanto corria, pois sabia que ia ser acertado por algumas flechas, antes de se esconder entre as árvores.
logo em seguida, ele notou que a garota que ele tinha encontrado fugindo, a algum tempo atrás, estava vindo da outra direção.
”Ela vai me ajudar certo? inimigo do meu inimigo..”, as runas no corpo dela se acenderem e a velocidade dela aumentou assustadoramente, enquanto corria na direção de Guaracy.
“Hahaha.. parece que não vou ter saída mesmo…,” pensou guaracy enquanto se preparava para jogar o kit aceso dentro da própria mochila e acender os outros kits.
Ele já estava acendendo quando ela pulou e destruiu todas as flechas, que vinham na direção dele. “Parem de atirar!! ele não é um dos Kuruwas!!... “
“Eu pensei que você já estava sendo temperado a essa hora kkk ” dizia ela enquanto andava lentamente em direção de Guaracy.
Guaracy apagou rapidamente a bombinha ”Por alguns instantes eu também pensei que ia acabar assim…” ele estendeu a mão e disse “o meu nome é Guaracy e é um prazer te encontrar novamente”.
Ela ignorou mão dele e disse ”O meu nome é Cicí e também fico feliz por ter te encontrado, você atrasou um deles pelo menos...”
Através da névoa Guaracy escutou ”HAHAHA na próxima eu te pego Guaracy”.
Cicí apontou para os seus companheiros e disse “ próxima nada, peguem ele!! eu quero a cabeça desse porco nojento!!” dizia ela enquanto ativava as runas.
Vendo que eles iam seguir Pü, Guaracy disse “ Ei, tem como eu ficar na sua tribo por um tempo? eu não faço ideia como voltar para minha”
Cicí desativou as runas e falou, “Podem ir na frente, capturem ele antes que se recupere, das feridas.” então ela olhou Guaracy e disse “Por mim tudo bem, mas quem decide é o conselho da tribo... e como você está doente...”
“Ei!! Qual é?!! Porque você insiste que eu estou doente??… eu estou BEM!.... fora os ferimentos que eu tenho agora… que por acaso eu vou precisar de ajuda.. ” disse Guaracy enquanto começava a notar a quantidade de ferimentos.
“Aqui! lave os ferimentos com água, depois use esse unguento e os enrole com isso! “ dizia Cicí enquanto entregava algumas bandagens e duas garrafas.
“Eu disse aquilo, pois você está sem o seu ang e também não tem traço algum de Uzenu…” disse Cicí com um olhar preocupado.
“Eu nunca tinha ouvido falar de nada disso, antes de vir parar aqui! de onde eu venho ninguém se transforma em bixo!!” .
“Sua tribo não sabe utilizar Uzenu? vocês devem viver dentro de cavernas…”
“Nós não vivemos em cavernas!!... nossas casas podem ser feitas de pedra... mas nós somos bem avançados, experimenta um chocolate que você vai ver, como nós somos desenvolvidos!!”
“O problema é que você também é estranhamente magro e pequeno... além do que esse couro que você está vestido não parece ser para defesa!!.. você está todo enrolado por que? está tentando esconder as feridas???...“ desabafou Cicí.
“EU NÃO ESTOU DOENTE!!! De onde eu venho a minha aparência é bem NORMAL!!… quase… eu sou meio que famoso na minha tribo !!” .
“É… com certeza... você deve ser o mais bonito da sua tribo de homens das cavernas…” dizia Cicí enquanto ria.
“Vamos ver, se você continua rindo, depois de provar um pedaço de chocolate!! Você nunca mais, vai subestimar a minha tribo” dizia Guaracy enquanto pegava o chocolate.
“Está bem! eu vou experimentar, calma! “, Mas antes que ela pudesse pegar um pedaço, um macaquinho pulou da árvore e tomou o chocolate da mão dele .
“NÃO!!!... pegue esse macaquinho” dizia Guaracy desesperado.
“Você vai brigar com um macaco por comida?? Realmente digno da sua tribo...” disse Cicí não se aguentando de rir.
“Esse era o último chocolate que eu trouxe!!! o que foi que eu fiz?!!... como eu pude oferecer o único chocolate desse planeta …”
“Para de chorar! eu acredito que deve ser bom, olha a carinha dele, ele gostou bastante”
Guaracy ia continuar lamentando quando percebeu vultos se aproximando pela floresta.
Eram seis índios, a maioria deles tinha mais de 1,9m e estavam acompanhados por diversos animais, todos armados por arcos e adagas.
”São os seus companheiros…?” disse Guaracy.
Antes que Cicí respondesse eles ouviram ”Cicí é melhor nós voltarmos para a aldeia, Pü consegui alcançar uma sentinela, se não sairmos agora, vamos acabar lutando novamente com os Kuruwas “ .
“Tem razão, vamos Guaracy! Quando nós chegarmos você pode perguntar para o conselho se eles tem como te ajudar a voltar para casa.”
“Tudo bem, me dê só um minuto para pegar o meu celular”
Um dos outros companheiros da Cicí disse “Não deixe ele fugir, ele ainda não explicou por que ele está nas nossas terras”
Enquanto alguns dos índios se aproximavam, Guaracy parou e disse ” Eu não estou fugindo e também não era a minha intenção invadir, eu não faço ideia de como vim para aqui”
Cicí ficou na frente de Guaracy e falou “Vatu pare! eu acredito nele, você acha que eles mandariam um batedor sem Uzenu e ang?”
“Você viu os itens que ele carrega... ele não é indefeso, a tribo dele pode usar, um modo de combate que não conhecemos” disse Vatu.
“Alguém que está perdido deveria ser medo, mas eu não vejo isso nos olhos dele…”
“Eu não gosto do jeito que ele nos olha...” disse outro.
“Sim e ele parece estar tentando encontrar um modo de fugir…”
“E enquanto conversávamos ele pegou outro item mágico” disse um índio saindo da vegetação atrás de Guaracy.
Guaracy estava cercado “por que tentar ser amigável e sincero não funciona comigo?...droga de macaco, tinha que ter pego o último chocolate... “ pensou ele antes de dizer “ Vocês não tinham falado do conselho de anciões? que tal me deixar falar com eles…”
Cicí nervosa disse “Parem! eu acredito nele e quando chegarmos, a anciã pode confirmar a história do Guaracy”
“E se esse for o plano dele?…”
antes que um deles continuasse Vatu disse ” Chega! essa discussão é inútil, os anciãos vão decidir o futuro dele”
Eles andaram em silêncio por alguns minutos quando Guaracy perguntou ”O que significa exatamente uzenu?”
Um dos outros companheiros da Cicí disse “se o conselho te aceitar, eles podem achar alguém para te ensinar o básico”
Guaracy olhando para os integrantes do grupo notou que todos tinham um companheiro animal ”Cicí você também não tem um ang?”
”Claro que tenho, ela está bem atrás de você” disse Cicí.
Guaracy não entendeu porque todos começaram a rir, mas decidiu olhar para trás mesmo assim ”Não tem nada aqui Cicí” Quando ele virou para perguntar, uma onça enorme o derrubou.
“Ela adora pegar os outros de surpresa” disse Cicí enquanto a onça lambia o rosto de Guaracy.
“Ela é linda, mas um pouco pesadinha né?…”
“Vamos Nila ele não sabe apreciar o seu carinho” disse Cicí enquanto todos riam.
Eles andaram mais 20 minutos até a floresta começar a mudar.
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